sábado, 27 de março de 2010

Revista Dia-a-Dia


De primeira-dama a artista plástica, Marilda Dib surpreende com o novo trabalho.

Esqueça, pelo menos nestas duas páginas, a trajetória desta mulher como ex-primeira-dama de São Bernardo e os tantos projetos sociais e assistenciais que a fizeram conquistar o carinho e o respeito da população. Nas próximas linhas você terá a oportunidade de desvendar um lado ainda desconhecido de Marilda Dib, 53 anos, que há seis descobriu a paixão pelas artes plásticas. Não que o contato com a arte lhe fosse restrito até 2003, quando se formou pela Escola Panamericana de Arte, em São Paulo. Na realidade, Marilda presenciou e conviveu, desde os 3 anos, com o trabalho de pintora da mãe Nair da Matta.
O primeiro trabalho artístico veio alguns anos mais tarde, em 1976 – feito sem conhecimento de teorias ou técnicas: a pintura de uma pomba branca, em óleo sobre tela, um presente dado ao marido e médico William Dib, para decorar seu consultório e que hoje ainda permanece por lá. A afinidade e o gosto pelo que se reúne à arte continuam velados, intrínseco no decorrer de todos esses anos. “Comecei com um curso de decoração de ambientes, depois percebi que queria desenho. Entretanto, acabei escolhendo a modalidade de escultura para me especializar. Depois disso, fiz cursos somente neste segmento e os resultados começaram a surgir em forma de peças”, revela a artista.
Ao entrar em seu apartamento é possível ver tamanha afinidade com o assunto. Esculturas, peças e outros elementos decorativos fazem com que os visitantes percebam que senso e gosto para a arte não lhe faltam. O ambiente da sala segue uma linguagem uniforme, na qual é possível observar a mistura do estilo clássico, notado com a riqueza da matéria prima dos objetos que ornamentam cada canto do cômodo, com as cores e texturas dos tapetes, cortinas e parede, seguindo o estilo contemporâneo. Tal mix seria obtido de forma fácil se fosse realizado por uma profissional da área. Mas o cenário foi idealizado por ela mesma antes de adentrar no universo artístico, que faz questão de dar o tom de cada pedacinho do seu lar.
Tamanha dedicação e esforços deram a ela muitos prêmios nacionais e internacionais, entre eles o 3º lugar na 7ª Bienal Internacional de Arte em Roma, na Itália, em 2008, com a peça Raízes da Memória. E o prêmio mais recente conquistado em dezembro: o 4º lugar na 7ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença. “Neste último trabalho concorri com 650 artistas, com um total de 2.500 obras. A minha peça, merecedora deste prêmio, foi uma flor de resina na cor violeta com o miolo de pedra ametista, que recebeu o nome de minha neta Nicole”, explica Marilda, mãe de dois filhos e avó de três netos, todos já presenteados com o nome em uma escultura.
As peças de Marilda não se resumem ao eixo previsível entre exposições, bienais e galerias de arte. Há pouco tempo, a escultura de Nossa Senhora, feita em resina, chegou ao vaticano por meio do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico de São Paulo, Emanuel Von Lauenstein Massarani, para fazer parte do acervo cultural do local, em 2007. “O papa Bento XVI gostou tanto da obra que levou a peça para a ante-sala do quarto dele. Isso para mim foi uma honra, um presente de Deus. O momento que mais marcou durante toda a carreira”, comemora.
E os céus e os santos continuaram a abençoar a vida da artista, que foi convidada a fazer pequenas estátuas de São Paulo, em homenagem aos 2.000 anos do santo. “Fiz uma aula sobre a vida do apóstolo e descobri diversas curiosidades. Optei por uma versão jovem de São Paulo, que teve boa aceitação do público”, revela. E as conquistas e planos para 2010 não param por aí. “Quero me dedicar muito mais às criações, produzir mais neste ano, além de enfrentar o desafio de fazer peças pequenas. E quem sabe ganhar outros prêmios”, finaliza. Que os anjos e os santos digam amém, pois o Grande ABC agradece.