Se inicialmente o figurativo se constituía na matriz insubstituível da linguagem plástica da escultora Marilda Dib, na sua produção atual é patente uma decisiva vontade de liberação do narrativo para assegurar às formas um valor somente intrínseco. Trata-se de um caminho não fácil o escolhido e percorrido com humildade pela artista, mas feito com o detalhismo do artesão e o coração do poeta.
O volume ocupa para esta escultora uma posição proeminente. Artista respeitosa da tradição molda suas peças até definir o fato plástico num sistema de volumes diversamente articulados nas suas relações espaciais e vinculadas pela continuidade de superfícies diferenciadas por um extremo contraste, mas prontas a colher o fluir da luz e, em consequência, vivificar.
Trata-se de um sistema de volumes, que o antigo discurso realista elimina de tal maneira que a obra se adapta no espaço em razão dos próprios valores estruturais, potencializando, aquela motivação humana que a artista não pode abdicar e que constitui, em todo o caso, o início do ato criativo.
Evitando sugestões externas e modismos, tentações em direção a experiências aventurosas, Marilda Dib se empenha para uma própria concepção do fato plástico: fazer da escultura um organismo potenciado pela participação humana.
Sua obra escultórica se desenvolve de todo dado não atinente e cada vez mais tende a uma síntese de seu instinto artístico.
Emanuel von Lauenstein Massarani
Crítico de arte